Idade Média

ORIGENS DO FEUDALISMO
No período medieval a Europa Ocidental conheceu um sistema político, econômico e social denominado Feudalismo. Esse sistema predominou do século IX ao XV, mas suas origens encontram-se na crise do Império Romano do Ocidente.
A ocupação dos bárbaros na porção ocidental do Império Romano provocou insegurança entre a população, redução da atividade comercial e da vida urbana, levando a um processo de ruralização da sociedade (a vida social e econômica fica fortemente ligada ao campo).
A posse de terras confere poder aos seus proprietários, isso porque estes garantiam proteção às pessoas.
Entre os motivos do crescimento da ruralização da economia destacam-se:
Ø  Expansão muçulmana (século VII e VIII), os constantes ataues árabes às cidades litorâneas levaram a população a fugir para o interior;
Ø  A desorganização do Império Carolíngeo, que provocou o enfraquecimento do poder real;
Ø  As invasões vikings no século IX que aumentaram o clima de insegurança;

As instituições feudais.
Algumas instituições feudais que vigoraram durante o Feudalismo foram herdadas dos romanos e dos bárbaros germânicos.
Ø  Clientelismo: na Antiga Roma, havia o cliente, em geral um plebeu que em busca de proteção e ajuda ligava-se a um patrício, em troca prestava serviços e pagava impostos ao seu protetor. Essa relação deu origem às relações senhoriais na Idade Média.
Ø  Colonato: instituição romana que obrigava o colono a cultivar as terras do proprietário. Essa instituição evoluiu para a servidão na Idade Média e a diferença básica entre elas era que, um servo era um camponês não livre que não podia, sem autorização do senhor, abandonar o domínio senhorial, enquanto que um colono era um camponês livre, que cultivava uma porção de terra, em troca das obrigações estabelecidas com o proprietário.
Ø  Comitatus: instituição germânica pela qual os guerreiros se uniam voluntariamente em torno de um líder militar, prestando-lhe fidelidade. Essa instituição deu origem às relações de suserania e vassalagem.
Ø  Beneficium: instituição que vigorava no Império Carolíngio e que consistia na doação de terras e dos direitos (fiscais, legislativos, jurídicos) sobre elas como recompensa por serviços prestados, principalmente militares. Dessa instituição surgiu a ideia de doação do feudo.

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EXPANSÃO ÁRABE-MUÇULMANA
O Islamismo foi pensado como fator unificador do povo árabe. Até seu surgimento os árabes eram politeístas.
Em 610 Maomé, segundo a tradição muçulmana, recebeu do anjo Gabriel a missão de espalhar entre os árabes a crença monoteísta.
De 610 a 622, Maomé pregou em Meca (centro religioso dos árabes politeístas), isso desagradou os comerciantes locais que lucravam com as visitas dos árabes à Caaba (onde estavam os ídolos das tribos árabes e onde estes faziam sacrifícios e oferendas aos deuses).
Em 622, perseguido pelos poderosos de Meca, Maomé foge (Hégira) para a cidade de Yatrib (atual Medina), lá consegue adeptos e em 630 volta à Meca, onde destrói as imagens dos deuses, mantendo apenas a Pedra Negra (segunda a tradição muçulmana a mesma era branca, mas escureceu com os pecados da humanidade), iniciava-se o Islamismo como crença predominante entre os árabes.
Em 632, Maomé morre e a partir de 634 os árabes iniciam a expansão com o intuito de conquistar territórios e novos adeptos ao Islamismo.
Com a expansão árabe temos o fechamento do Mar Mediterrâneo ao comercio de longa distância e a consolidação da ruralização da economia europeia iniciada no final do Império Romano. Será apenas durante as Guerras de Reconquista (século XI com as Cruzadas) que os árabes serão expulsos da Europa.
Os cem primeiros anos foram de expansão e um único governante (califa), com uma lei, a do Al Corão (sharia, única lei usada, até hoje, para muçulmanos na Arábia Saudita, são os wahhabitas). Com o passar dos anos o califado (reino) foi se dividindo e a lei muçulmana misturou-se à ocidental.
Aos poucos a religião também se dividiu entre:
Ø  Sunitas: pregam que qualquer fiel pode ser líder; acreditam no Suna (livro com comentários sobre o Al Corão – somam 90% dos adeptos e são a maioria no Irã).
Ø  Shiitas: pregam que apenas descendentes de Maomé podem liderar; não creem no Suna (são a maioria no Iraque).

Islamismo X Cristianismo X Judaísmo
Apesar de serem três religiões monoteístas diferentes, apresentam pontos em comum, afinal o Deus cristão, judeu e Alah são a mesma divindade.
No entanto para os muçulmanos, o último profeta é Maomé e, portanto, eles detêm a verdadeira fé. Moisés, Abraão e Jesus são profetas e devem ser respeitados, mas suas mensagens foram substituídas pela de Maomé.
Os cristãos e judeus, assim como os demais adeptos de outras religiões, são infiéis, mas não devem ser maltratados ou perseguidos, a não ser que o Islã seja desrespeitado, o que autoriza a Jihad (guerra santa – o problema é que cada um pode tomar como desrespeito o que bem entender, certo?).
Através dos cinco pilares do Islamismo podemos perceber certa proximidade com as outras duas religiões monoteístas citadas:
Cinco Pilares do Islã:
Ø  Chahada: O primeiro pilar do islã é a chahada, ou profissão de fé. Suas palavras proclamam a unidade de Deus e a importância do Profeta: "Só há um Deus e Maomé é o Seu profeta". A chahada é o testemunho da fé islâmica e condição básica para a conversão - ao recitar com sinceridade essas palavras, o fiel prova sua aceitação da fé. Assim como o credo cristão ou a fé num Deus único judeu.
Ø  Salat: O salat (prece ritual) é o segundo pilar do islã. Um muçulmano deve orar cinco vezes ao dia voltado para Meca. A oração em comum, Jum'a, tem lugar na mesquita toda sexta-feira à tarde. Os horários do salat são anunciados pelo almuadem na mesquita. A oração também é de extrema importância no cristianismo e no judaísmo e representam uma forma de se ligar a Deus.
Ø  Zakat: Os muçulmanos são obrigados a ajudar os necessitados dando-lhes esmolas. Isso é conhecido como zakat, ou purificação, o terceiro pilar do islã. Ele implica a noção de que Deus pode ser venerado indiretamente ao mostrar gratidão por Seus favores. A caridade é também uma base do cristianismo.
Ø  Sawn: O jejum, ou sawm, é o quarto pilar do islã. Ele é praticado durante o ramadã, nono mês do ano lunar. Os muçulmanos não devem comer nem beber do amanhecer até o fim da tarde. O jejum é quebrado ao anoitecer, em geral com tâmaras e água, antes de se fazer uma ceia em casa. O jejum também ETA presente no judaísmo e no cristianismo e representa uma foram de purificar o corpo.
Ø  Hadj: Os muçulmanos que têm condições para isso devem fazer o hadj, ou peregrinação à Meca, ao menos uma vez na vida. Esse é o quinto pilar do islã. É realizado no décimo segundo mês do ano, conhecido como dhu al-hijja. Os peregrinos vestem roupas brancas sem costura (ihrams), também usadas como mortalhas. A peregrinação a locais sagrados é comum entre cristãos, principalmente católicos, e entre judeus que visitam o Muro das Lamentações em Jerusalém (muro que pertencia ao Templo de Jerusalém).


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IMPÉRIO CAROLÍNGIO
Recebeu o nome de Império Carolíngio (também conhecido como o Império de Carlos Magno), o império estabelecido pela dinastia carolíngia, da qual foi seu maior representante Carlos Magno (742 – 814). Ocupando grande parte da região central da Europa, este estado medieval é o embrião da atual França.
Com a desagregação do Império Romano e a organização da sociedade feudal, inúmeros reinos se formaram. O reino Franco, formado na Gália (atual França), foi o mais duradouro desses novos territórios.
Os primeiros reis francos descendiam de Meroveu. Por isso, os reis dessa dinastia chamam-se merovíngios. Meroveu, na metade do século V, lutou ao lado dos romanos contra os invasores hunos.
Clóvis, neto de Meroveu, venceu os alamanos, os burgúndios e os visigodos, ampliando fronteiras do reino. Com isso, no final do século V, os francos já dominavam grande parte da Europa central. A importância de Clóvis aumentou quando ele se converteu ao cristianismo, em 496, depois de derrotar os alamanos. Com a conversão, conquistou total apoio de condes cristãos e bispos da Gália.
Com a morte de Clóvis, em 511, o Reino Franco foi dividido entre seus quatro filhos, ocasionando rivalidades e disputas entre eles. Por fim, em 628, Dagoberto subiu ao trono e estabeleceu que, daí por diante, os reis francos teriam um único sucessor.
Após o reinado de Dagoberto, vieram os reis indolentes, assim chamados por não cumprirem as funções administrativas. O prefeito do palácio, uma espécie de primeiro-ministro, era quem efetivamente administrava o reino.
Um desses prefeitos, Pepino de Heristal, tornou o cargo hereditário e passou-o a seu filho Carlos Martel. Carlos Martel notabilizou-se por vencer os árabes, em 732, na batalha de Poitiers, detendo a invasão muçulmana na região central da Europa.
Em 743, foi coroado o último rei merovíngio, Childerico III.
O filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, incentivado pelo papa Zacarias, depôs Childerico III, assumiu o trono e fez-se aclamar rei. Com isso, iniciou-se uma nova dinastia, a dos carolíngios, nome derivado de Carolus (Carlos, em latim). O sucessor de Pepino, o Breve, foi seu filho Carlos Magno.
Em 768, a dinastia carolíngia foi entregue a Carlos Magno, monarca responsável pelo apogeu da dominação dos francos na Europa medieval. Seguindo uma política de tom expansionista, o novo rei promoveu o domínio de territórios, formando um vasto território.
Carlos Magno teve grande preocupação em organizar administrativamente as regiões conquistadas. Para tanto, realizou a doação de terras a todos os nobres que o auxiliavam durante as batalhas. Além disso, dividiu todos os domínios imperiais em duzentos condados que seriam geridos por um nobre e um bispo. O controle do poder exercido por esses líderes locais era fiscalizado por um funcionário público chamado missi dominici (“enviados do senhor”).
Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder passou para seu filho Luís, o Piedoso, que governou até 840. Fortemente influenciado pela Igreja, Luís foi um monarca fraco. Terras da Igreja e domínios senhoriais conseguiam livrar-se do controle do poder central, tornando-se autônomos, deixando de cumprir suas obrigações para com o poder central. Após sua morte, seus três filhos repartiram o Império por meio do Tratado de Verdun (843). Carlos, o Calvo, ficou com a França Ocidental (que deu origem ao Reino da França); Luís, o Germânico, com a França Oriental (a futura Alemanha); e Lotário, com a França Central, repartida após a sua morte, em 870, entre Carlos e Luís.
Em 987, morre o último soberano carolíngio da França Ocidental, Luís V, e os aristocratas escolheram Hugo Capeto, Conde de Paris, como rei. É o fim da dinastia carolíngia sobre a França, dando origem à dinastia capetíngia, que governou o país até o século XIV.
        O Tratado de Verdum (843), que dividiu o Império Carolíngio, é considerado o marco oficial do início do Feudalismo.

          
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ALTA IDADE MÉDIA (SÉCULOS V – X)
Corresponde ao período de ascensão do Feudalismo devido à crescente ruralização da economia.

Características do Feudalismo
Sociedade: Estamental (dividida em estados, ordens ou classes), com rara mobilidade social e sem igualdade de direitos.
Ao contrário do que muitos acreditam o feudo não é a propriedade territorial e sim o conjunto de direitos sobre uma porção de terras, por isso o senhor feudal é a maior autoidade política em seus domínios, é ele quem legisla e cobra impostos dos que estejam em seus domínios.
Entre os nobres ocorriam relações de dependência através do Contrato de Suserania e Vassalagem ou do Contrato Feudo-vassálico.
O Contrato de Suserania e Vassalagem vêm de um costume bárbaro e é um juramento de fidelidade que independe da doação de um feudo. O vassalo oferece ao suserano fidelidade nas lutas e em contrapartida recebe também ajuda militar. Já no Contrato Feudo-vassálico, além do juramento de fidelidade o suserano doa um feudo ao vassalo.
Essa constante divisão de direitos leva ao processo de descentralização do poder durante a Idade Média.

Entre os nobres e o povo ocorriam as Relações Senhoriais, na qual o senhor deveria proteger o servo e este pagar impostos ao seu senhor.
Principais Impostos:
Ø  Talha: 50 % da produção das terras utilizadas pelos servos deveriam ser entregues ao senhor.
Ø  Corveia: três vezes por semana o servo deveria trabalhar as terras do senhor.
Ø  Banalidade: imposto cobrado pelo uso de instrumentos do senhor, como o moinho, forno, arado, etc.
Ø  Captação: imposto pago por cada membro da família.
Ø  Tostão de Pedro: imposto pago à Igreja para manutenção da capela local.
Ø  Mão morta: tributo cobrado para transferir um lote de um servo falecido para seus herdeiros.

Manso Senhorial - terras de domínio do senhor feudal;
Manso Servil - área de produção de subsistência dos servos
Manso Comunal - terras de uso coletivo.

Igreja Medieval
Na Idade Média o teocentrismo (Deus é o centro do universo) era muito forte, e a Igreja como detentora do poder espiritual, influenciava o pensamento e o comportamento na Idade Média, interferindo inclusive na política.
Também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e muitos servos. Essa concentração de terras nas mãos da Igreja ocorria porque as pessoas com medo de ir para o inferno doavam terras para Igreja, esperando assim o perdão de seus pecados e a salvação de suas almas.
A Igreja neste período, através da Inquisição, controlava a produção e o acesso à informação, condenando muitos pensadores à fogueira por heresia. No entanto, graças ao trabalho dos monges copistas muitos documentos foram preservados, mesmo que alguns estudiosos façam ressalvas quanto à adulteração de documentos por erro de cópia, tradução ou propositalmente quando iam contra a Igreja. 

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BAIXA IDADE MÉDIA (XI-XV)
É o período de declínio do Feudalismo e do surgimento da burguesia e do capitalismo.
Com o aumento da população foi necessário aumentar a produção agrícola, o que levou à quebra do isolamento das terras senhoriais. Com isso os senhores feudais passam a disputar regiões de fronteiras, levando a guerras particulares (senhor X senhor).
A Igreja temerosa de perder suas posses e para aliviar as tensões desvia a atenção para fora da Europa através das Cruzadas.
Cruzadas
As cruzadas foram expedições militares que visavam expulsar os muçulmanos da Terra Santa (Jerusalém), mas que na realidade tinha como objetivo retirar o excesso populacional da Europa.
Para convencer a população a ir para Jerusalém lutar contra os infiéis, o Papa Urbano II em novembro de 1095, através do Concílio de Clermont-Ferrand, pregou e prometeu a salvação a todos os que morressem em combate contra os pagãos (sendo a maior parte muçulmanos). Com isso o Papa Urbano II criou uma nova etapa da História e deu início às cruzadas. Com a campanha "salvação a todos os mortos em combate contra os infiéis", o Papa não estava só garantindo um grande exército, mas também um novo foco bélico às forças que se batiam em lutas internas perturbando a paz na Europa.
Os ricos e poderosos cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém (Hospitalários) e dos Cavaleiros Templários foram criados durante as Cruzadas.
Apesar das várias incursões os cruzados não conseguiram conquistar definitivamente Jerusalém , porém as cruzadas trouxeram importantes consequências:
Ø  Reabertura do comércio no Mar Meiterrâneo, sendo Genova e Veneza as cidades mais importantes desse comércio.
Ø  Enfraquecimento do sistema feudal.
Aumento do comércio entre o oriente e ocidente.

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RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
Com o fim das Cruzadas e a reabertura do Mar Mediterrâneo ao comércio, surgiram rotas comerciais que partiam do Mar Mediterrâneo em direção do interior da Europa, pois eram caminhos de fácil acesso, isso causou um desenvolvimento irregular.
As principais rotas eram:
Ø  Rota de Champanhe: do norte da Itália até Flandres, na França – comercializava sobretudo especiarias que chegavam do oriente através de Veneza.
Ø  Rota da Seda (hoje chamada do Ópio e heroína): panos finos vindos da China em direção à Europa.
Ø  Rota da Liga Hanseática: utilizava o Mar Báltico e do Norte – forneceu madeira, metais, peles, peixes e cereais a toda Europa.

A Holanda serviu de entreposto comercial entre a Liga Hanseática e a Rota de Champanhe, acumulando riquezas que seriam utilizadas na parceria com Portugal para exploração o açúcar no Brasil.
Os encontros comerciais eram chamados de feiras e deram origem a cidades, que aos poucos voltaram a ter importância e uma população formada sobretudo por artesãos, comerciantes e nobres.
Com o desenvolvimento da manufatura, surgem as corporações de ofício (associações de profissionais), as quais estabeleciam padrões de produção e qualidade, os preços e impediam a livre iniciativa (para montar uma oficina era presico ser mestre de ofício, título que era hereditário ou coseguido através de provas práticas na corporação) e a livre concorrência.
As oficinas eram formadas por:
Ø  Mestres de ofício: responsáveis pelo acabamento;
Ø  Oficiais jornaleiros: profissionais que trabalhavam por salário;
Ø  Aprendizes: jovens que não recebiam nada, apenas comida, local para dormir e o aprendizado do ofício;
O desenvolvimento comercial fez surgir uma nova classe social, a burguesia (nome derivado da palavra burgo – cidade – burguês, portanto, era o habitante da cidade, como a maioria eram comerciantes que enriqueceram, burguês tornou-se sinônimo de rico).
Aos poucos a burguesia se aproxima do rei para, em troca de seu apoio na centralização política, obter redução nos seus custos.


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A CRISE DO SÉCULO XIV
O séc.XIV, que acelerou a decadência do feudalismo e o fim da Idade Média na Europa Ocidental, ficou conhecido pela sua Crise.
Com essa crise iniciou-se também a decadência das universidades e escolas medievais e, por conseguinte, o progresso científico que estava florescendo. A medicina desviou-se da prática metodológica para ceder às superstições e medos que se deram com a Peste e a Grande Fome.
Entre os séculos XII e XIV, a economia medieval vivenciou uma época de ascensão mediante a ampliação da oferta de gêneros agrícolas e o desenvolvimento das cidades. A dinâmica que antes ordenava a Europa despontava para outras possibilidades que incluíam o aumento das atividades comerciais, a diminuição das relações servis em algumas regiões, a monetarização da economia e a consolidação de uma nova classe social pela burguesia.
Contudo, no início da segunda metade do século XIV, essa realidade foi bruscamente interrompida com o terrível advento da Peste Negra. Em pouco tempo, milhares de europeus foram dizimados por uma terrível epidemia que se alastrou graças às péssimas condições de higiene daquela época. Além de causar tantas mortes, essa doença também foi responsável por um grande declínio populacional. Alguns estudiosos estimam que mais de um terço da Europa foi vitimada.
A morte de tanta gente acabou provocando um enorme desordenamento ao processo produtivo daquela época. As atividades comerciais retraíram, bem como as propriedades feudais desaceleraram a sua capacidade de produção. Temendo a escassez de alimento, que de fato aconteceu, vários nobres dificultaram ao máximo a saída dos servos de suas propriedades. Nesse contexto de escassez e endurecimento, as tensões entre servos e nobres logo se evidenciaram.
Não por acaso, a Peste Negra veio logo a conviver com os levantes organizados por servos e jornaleiros de toda a Europa. Em regiões da Bélgica, França e Inglaterra observamos os camponeses envolvidos em grandes revoltas que ficaram conhecidas pelo nome de “jacqueries”. O termo, proveniente da expressão “Jacques Bonhomme”(Zé ninguém), era negativamente dirigida para todos aqueles que não tinham qualquer tipo de propriedade ou não ocupavam uma posição privilegiada.
Tanta instabilidade demonstrou que os antigos hábitos e instituições que definiam a ordem feudal não mais se manteriam intactos. Por tal razão, observamos que essas últimas décadas do período medieval foram marcadas por guerras, a centralização do poder político e a reorganização das atividades econômicas e finalmente pelo surgimento das Viagens Marítimas. 

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