REPÚBLICA
MILITAR OU DITADURA MILITAR (1964-1985)
O Golpe Militar de 1964 foi efetivado com o objetivo de evitar a
ameaça comunista, conforme a declaração dos militares que assumiram o poder. O
regime militar foi marcado pelas restrições aos direitos e garantias
individuais e pelo uso da violência aos opositores do regime.
O modelo político do regime militar foi caracterizado pelo
fortalecimento do Poder Executivo, que marginalizou o Legislativo (através da
cassação de mandatos) e interferiu nas decisões do Judiciário(por exemplo, a
publicação dos Atos Institucionais - AI). Houve centralização do poder,
tornando o princípio federativo (governos estaduais) “letra morta”(sem
valor) na Constituição. Também o controle da estrutura partidária, dos sindicatos
e demais representações, a censura aos meios de comunicação e intensa repressão
política (os casos de tortura eram constantes).
O modelo econômico do
regime militar foi marcado pelo processo de concentração de rendas e
abertura externa da economia brasileira.
Governo
do Marechal Castello Branco (1964/67)
Foi eleito por vias
indiretas, através do Ato Institucional nº 1(AI-1) em 10 de abril de 1964.,
Em seu governo foi criado o
Serviço Nacional de Informação (SNI). Houve enorme reforma administrativa,
eleitoral, bancária, tributária, habitacional e agrária. Criou-se o Cruzeiro Novo, o Banco Central, Banco
Nacional da Habitação e o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS).
Criou-se também o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Em outubro de 1965, foi
assinado o AtoIinstitucional nº2 (AI-2), ampliando o controle do Executivo
sobre o Legislativo, extinguindo os partidos políticos – inaugurando o
bipartidarismo no Brasil: de um lado o partido governista a ARENA (Aliança
Renovadora Nacional) e, de outro lado, a oposição, reunida no MDB (Movimento
Democrático Brasileiro). Este mesmo ato determinou que as eleições para
presidente fossem indiretas.
Em fevereiro de 1966 foi decretado
o Ato Institucional nº3 (AI-3) estabelecendo eleições indiretas para governador
e para os municípios considerados de “segurança nacional”, incluindo todas as
capitais.
Em 1967, mediante o Ato Institucional
nº4 (AI-4), foi promulgada uma nova Constituição. Nela mantinha-se o princípio
federativo e os princípios dos atos institucionais – eleições indiretas para
presidente e governadores.
A Constituição fortalecia os
poderes presidenciais, permitindo ao presidente decretar estado de sítio,
efetivar intervenção federal nos Estados, decretar recesso no Congresso
Nacional, legislar por decretos e cassar ou suspender os direitos políticos.
Antes de deixar a presidência, Castello Branco instituiu a Lei de Segurança
Nacional, um conjunto de normas que regulamentava todas as atividades sociais,
estabelecendo severas punições aos transgressores.
Governo
do Marechal Costa e Silva ( 1967/1969)
Costa e Silva fazia parte da
chamada “linha dura”, setor do Exército que exigia medidas mais enérgicas e repressivas
para manter a ordem social e política.
Em seu governo, no ano de
1967, formou-se a Frente Ampla, grupo de oposição ao regime militar,
liderada por Carlos Lacerda e JK Juscelino Kubtschek de Oliveira (antigo
presidente do Brasil). A Frente Ampla exigia a anistia política, eleições
diretas em todos os níveis e a convocação de uma Assembleia Constituinte.
As agitações internacionais
de 1968 tornaram a esquerda mais radical, defendendo a luta armada
para a redemocratização do país. O movimento estudantil crescia e exigia
democracia.
Da mesma forma, os grupos de
direita também se radicalizavam. O assassinato do estudante Edson Luís pela
polícia, na Guanabara, provocou um enorme ato de protesto, a passeata dos cem mil. Em dezembro de
1968, o deputado pelo MDB, Márcio Moreira Alves fez um pesado discurso atacando
as Forças Armadas.
O ministro da Justiça, Gama
e Silva, procurou processar o deputado, porém o Congresso garantiu a imunidade
do parlamentar. Como resposta, Costa e Silva decretou o AtoIinstitucional nº5,
o mais violento de todos. Pelo AI-5
estabeleceu-se, entre outros, o fechamento do Legislativo pelo presidente da
República, a suspensão dos direitos políticos e garantias constitucionais,
inclusive a do habeas-corpus, a intervenção federal nos estados e municípios.
Através do AI-5 as
manifestações foram duramente reprimidas, provocando o fechamento total do
regime militar. Segundo o historiador Boris Fausto: “Um dos muitos aspectos
trágicos do AI-5 consistiu no fato de que reforçou a tese dos grupos de luta
armada”, o que transformou-se em realidade com a eleição (indireta) de um novo
presidente, o General Emílio Garrastazu Médici, pois Costa e Silva sofreu um
derrame cerebral.
Governo
do General Médici (1969/1974)
Período mais repressivo de
todo regime militar, onde a tortura e repressão atingiram os extremos, bem como
a censura aos meios de comunicação. O pretexto foi a intensificação da luta
armada contra o regime.
A luta armada no Brasil
assumiu a forma de Guerra de Guerrilha
(influenciada pela Revolução Cubana, pela Guerra do Vietnã e pela Revolução Chinesa).
Os focos de Guerrilha no Brasil foram: na Serra do Caparaó, em Minas Gerais –
destruído pela rápida ação do governo federal, outro foco foi no Vale do Ribeira,
em São Paulo, chefiado pelo ex-capitão Carlos Lamarca, também reprimido pelo
governo, rapidamente.
O principal foco
guerrilheiro foi no Araguaia, no Pará. Seus participantes eram ligados ao
Partido Comunista do Brasil e conseguiram apoio da população local. O modelo
teórico dos guerrilheiros seguia as propostas de Mao Tsé-tung (líder da China
Comunista). O foco, descoberto em 1972, foi destruído em 1975.
Ao lado da Guerrilha Rural,
desenvolveu-se também a Guerrilha Urbana. Seu principal organizador foi Carlos
Marighella, líder da Aliança de Libertação Nacional. Para combater a Guerrilha
Urbana, o governo federal sofisticou seu sistema de informação com os DOI-CODI (Destacamento de Operação e
Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), que destruíram os grupos de
guerrilha da extrema esquerda. Os DOI-CODI usavam a tortura física, mental e
emocional como prática.
O
MILAGRE ECONÔMICO – Governo Médici
Apresentou grande
crescimento econômico e projetos de grande impacto (como a Transamazônica e o
Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL), em razão do ingresso maciço de
capital estrangeiro. Houve expansão do crédito, ampliando o padrão de consumo
do país e gerando uma onda de ufanismo (Comportamento de quem se vangloria
demais de algo), como no slogan “este é um país que vai prá frente”. O regime
utiliza este período de otimismo para ocultar a repressão política, aproveitando-se
inclusive das conquistas esportivas da década de 1970, como o tricampeonato de
futebol.
O ideólogo do “milagre” foi
o economista Delfim Netto, usando como atrativo ao capital estrangeiro as
baixas taxas de juros utilizadas pelo Brasil no mercado internacional. No
entanto, a modernização e o crescimento econômico brasileiro não beneficiaram
as camadas pobres. No período do “milagre” as taxas de mortalidade infantil
subiram e, segundo estimativas do Banco Mundial, no ano de 1975, 70 milhões de
brasileiros eram desnutridos.
Governo do General Ernesto
Geisel (1974/79)
Geisel tomou posse sob a
promessa do retorno da democracia de forma “lenta, gradual e segura”. Seu
governo marca o início do processo de abertura política.
Em novembro de 1974, houve
eleições parlamentares e o resultado foi uma expressiva vitória do MDB. Preocupado
com as eleições municipais, no dia 1º de julho de 1976, foi aprovada a Lei
Falcão, que estabelecia normas gerais para a campanha eleitoral, através do
sistema de radiodifusão (exibição da fotografia do candidato, sua
legenda e seu número - presentação do nome e seu currículo). Tais regras
forçavam o candidato a conquistar o voto no contato direto com o eleitor.
No dia 1º de abril de 1977,
o presidente, utilizando o AI-5, decretou o recesso do Congresso Nacional. Foi
promulgado, então, o “pacote de abril”, estabelecendo mandato de seis anos para
presidente da República, manutenção das eleições indiretas para governador,
diminuição da representação dos estados mais populosos no Congresso Nacional e
criada a reserva de um terço das vagas do Senado para nomes indicados pelo
governo (senador biônico).
Embora a censura aos meios
de comunicação tivesse diminuído, o regime continuava fechado e a repressão
existia. Como exemplo, a morte do jornalista da TV Cultura, Vladimir Herzog,
nas dependências do DOI-CODI paulista (1975) e o “suicídio” do operário Manuel
Fiel Filho em 1976.
O ano de 1977 foi muito
agitado politicamente, em razão da crise mundial do petróleo, resultando em
cassações de mandatos e diversas manifestações estudantis em todo o país. No
ano de 1978 houve uma greve de
metalúrgicos no ABC paulista, sob a liderança de Luís Inácio Lula da Silva.
No final de seu governo, Geisel revogou o AI-5.
O
governo do General Figueiredo ( 1979/1985)
Durante o governo de João
Baptista Figueiredo houve fortes pressões da sociedade civil, que exigia o
retorno ao estado de direito, anistia política, justiça social e a
convocação de uma Assembleia Constituinte.
Em março de 1979, uma greve de metalúrgicos no ABC paulista
mobilizou cerca de 180 mil manifestantes e em abril de 1981 uma nova greve
mobilizou 330 mil operários, por 41 dias. Neste contexto é que se destacou o
líder sindical Luís Inácio Lula da Silva (Lula).
A UNE (União Nacional dos
Estudantes) reorganizou-se no ano de 1979 e, neste mesmo ano, o presidente
Figueiredo aprovou a Lei da Anistia, que beneficiava exclusivamente os presos
políticos; com isso alguns exilados puderam voltar ao país.
Ainda em 1979 foi extinto o
bipartidarismo, forçando a reforma partidária. Desta reforma surgiram: o PSD (Partido Social Democrático),
herdeiro da antiga Arena, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro),
composto por políticos do antigo MDB, o PTB
(Partido Trabalhista Brasileiro), controlado por Ivete Vargas e formado por
setores da antiga ARENA, PDT (Partido
Democrático Trabalhista), fundado por Leonel Brizola e o PT (Partido dos Trabalhadores), com propostas socialistas.
Em 1982 ocorreram eleições
diretas para governador, nas quais a oposição venceu em dez estados. Em
1983, a sociedade civil participou intensamente do movimento das Diretas-já, que exigia eleições
diretas para presidente.
Em 1984, foi apresentada a
Emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas
para presidente da República. A emenda foi rejeitada pelo Congresso Nacional.
No ano de 1985, em eleições
pelo Colégio Eleitoral (deputados federais e senadores), o candidato da
oposição - Tancredo Neves, derrotou o candidato da situação (governo), Paulo
Maluf. Tancredo Neves não chegou a tomar posse, devido a problemas de saúde, e
veio a falecer em 21 de abril de 1985. O vice-presidente, José Sarney assumiu a
presidência, iniciando um novo período
na História do Brasil, conhecido como Nova República.
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