PRIMEIRO
REINADO (1822-1831)
O Brasil foi a única colônia
americana a se tornar monarquia após a independência. A elite brasileira queria
mudanças, não só para impedir a re- colonização do Brasil, mas acreditava que
conseguiria manipular D. Pedro; assim em outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado
Imperador do Brasil, com o título de D. Pedro I.
A
resistência portuguesa contra a Independência
do Brasil
A independência foi
proclamada por D. Pedro em São Paulo. Em algumas regiões do país houve resistência
das tropas portuguesas, o que levou a alguns combates. Em várias províncias
brasileiras, como Bahia, Piauí, Grão-Pará, Maranhão, o povo pegou em armas para
combater militares fiéis a Portugal.
Bahia: depois de vários
combates, batalhões populares vindos do interior da província cercaram as
tropas portuguesas que estavam em Salvador. Vendo-se sem alimentos, os soldados
portugueses tentaram furar o cerco, mas foram derrotados na Batalha do Pirajá.
Depois, navios ingleses, a serviço de D.Pedro I, bloquearam Salvador e forçaram
os portugueses a deixar o Brasil, em 2 de julho de 1823.
Piauí: A Batalha do Jenipapo, na
cidade de Campo Maior, foi decisiva para adesão do Piauí à independência do
Brasil. O avanço das tropas portuguesas rumo a Campo Maior implicou numa
mobilização sem precedentes da população local, para formação de tropas para o
combate, agregando-se grupos de vaqueiros e roceiros, armados com os
instrumentos disponíveis, como: facões, machados, foices, espetos, espingardas,
paus e pedras, enquanto que as tropas portuguesas eram bem armadas, municiadas,
disciplinadas e organizadas, sob o comando de experientes militares.
O grande confronto se deu no
dia 3 de março de 1823, nas proximidades do rio Jenipapo. Cerca de 2500 piauienses
e cearenses (sem adestramento militar e debaixo de um sol abrasador, num ano de
estiagem arrasadora) enfrentaram as tropas portuguesas. A vitória lusitana era
incontestável, ganharam uma batalha, mas a guerra estava longe de terminar,
pois a chegada de reforços de outras vilas, fe\ com que as tropas portuguesas
se deslocaram para o Maranhão, província leal a Portugal. Porém, após o cerco
de Caxias pelas tropas separatistas, formadas por piauienses, cearenses e
maranhenses, as tropas portuguesas se renderam, no final de julho de 1824.
Maranhão e Grão-Pará: também foi obtida por meio
de armas. São Luís, a capital provincial e tradicional reduto português, foi
bloqueada por mar e ameaçada de bombardeio por uma esquadra, sendo obrigada a
aderir à Independência em 28 de julho de 1823. Da mesma forma ocorreu em Belém,
do Grão Pará (atual estado do Pará), no dia 19 de agosto.
Problemas
no novo país
Logo no início, além da resistência
portuguesa, apresentaram-se problemas:
A -Dificuldade
de organização: devido a grande extensão territorial as
comunicações, a administração e a fiscalização ficavam prejudicadas.
B-Reconhecimento
da independência do Brasil por outros países:
*Os países da Europa tinham um acordo que
determinava que as colônias só podiam ser reconhecidas como independentes, após
a metrópole (Portugal) reconhecer.
*Os EUA reconheceram a independência do
Brasil, em 1824, baseados na dotrina que era defendida pelo presidente Monroe:
“A América para os americanos”.
*Portugal só reconheceu a independência em
1825, diante do pagamento de dois milhões de libras esterlinas (moeda inglesa),
como indenização. O Brasil pediu um empréstimo à Inglaterra.
*A Inglaterra reconheceu em 1827, diante da
renovação do Tratado de Comércio e Navegação (onde a Inglaterra continuou a
pagar apenas 15% de impostos nos portos brasileiros, por mais uma década e
meia).
C-Crise
econômica: as exportações (açúcar, algodão, cacau e fumo) estavam
com preços em queda, principalmente devido à concorrência.
D-Crise
financeira: com a queda nas exportações, as importações também
entraram em declínio. Com isso, as arrecadações com taxas alfandegárias
diminuíram, essas taxas eram a principal fonte de renda do governo. Para
aumentar a quantidade de dinheiro nos cofres do governo, houve aumento de
impostos (queda na popularidade de D. Pedro I), a busca de empréstimos no
exterior (aumento da dívida externa) e a emissão de moeda (aumento da
inflação).
E-Crise
política: com a crise econômico-financeira o descontentamento era
Ca da vez maior, gerando revoltas e instabilidade política.
A
“Constituição Mandioca”
Em maio de 1823, deputados
de várias províncias brasileiras, reuniram-se no Rio de Janeiro para elaborar uma
Constituição. Foi aprovado um projeto, conhecido como “Constituição da
Mandioca,” que determinava:
Ø Voto
censitário, baseado numa renda anual mínima equivalente a 150 alqueires (3,63
Km2) de mandioca (usaram-na, por ser uma raiz tipicamente
brasileira).
Ø Limitava
os poderes de D. Pedro I, proibindo-o de dissolver a Câmara dos Deputados
(poder legislativo mais forte que o poder executivo).
Ø Determinava
que, para ocupar cargos públicos, o indivíduo deveria ser brasileiro nato.
A
reação do imperador foi imediata. Mandou fechar a Assembleia e prender os
deputados ali reunidos, o que causou enorme descontentamento em todo o país.
Sem dar importância, Dom Pedro I nomeou dez pessoas de sua confiança para
escrever uma Constituição no prazo de quarenta dias.
A
primeira Constituição Brasileira - 1824
Ø Foi outorgada, isto é, foi uma constituição
imposta pelo governante.
Ø Adotou
a monarquia hereditária: o poder era
exercido por um soberano que passava o poder para o filho.
Ø Uniu o Estado e a Igreja –
criando o Padroado, no qual os padres recebiam salários pagos pelo governo para
prestarem serviços, como certidão de casamento, nascimento, óbito, etc. Em troca,
o governo tinha o Beneplácito, pelo qual todos os decretos papais tinham de ser
aprovados pelo monarca.
Ø Criou quatro poderes:
*Executivo –
Exercido pelo imperador e seus ministros, sua função era administrar o país;
*Legislativo –
Exercido pelos deputados e senadores, sua função era elaborar e aprovar as
leis. O cargo de senador era vitalício (por toda vida) e o de deputado durava
quatro anos.
*Judiciário –
Exercido por tribunais e juízes, sua função era julgar e aplicar as leis.
*Moderador –
Exercido pelo imperador mais o Conselho de Estado (tinha de ser ouvido
pelo monarca, mas Ele não precisava segui-lo). Sua função era harmonizar os
conflitos entre os demais poderes, mas na realidade era uma forma de camuflar o
absolutismo de D. Pedro I, pois através dele o imperador tinha o direito de
intervir em todos os outros poderes.
Ø Estabeleceu o voto masculino e
Censitário: somente os homens podiam votar e censitário,
porque somente quem tinha uma renda anual de 100 mil réis tinha esse direito. Ficaram
de fora as mulheres, os escravizados, os libertos e muitos homens.
O Conselho de Estado, Senado, Ministros,
Presidentes de Províncias e Juízes eram nomeados e, mesmo os Deputados - que eram eleitos, estavam nas mãos do
Imperador, através do Poder moderador, já que o imperador podia fechar a
Assembleia e convocar novas eleições, a qualquer momento.
Declínio
da popularidade de D. Pedro I
Alguns fatos se destacam na
queda da popularidade de D. Pedro I:
Ø Confederação do Equador – 1824: O
absolutismo de D. Pedro I trouxe grande insatisfação à população e isso gerou
protestos em Pernambuco, Paraíba e Ceará. Os jornais “Sentinela da Liberdade na
Guarita de Pernambuco” (de Cipriano Barata) e o “Tífis Pernambuco” (de Frei
Caneca) - ambos liberais, ajudaram a
preparar o espírito das pessoas para a revolução.
Além disso, uma crise
econômica assolava o nordeste devido à queda nos preços externos do açúcar,
do fumo, do algodão e dos altos impostos. Foi nesse clima tenso que D. Pedro I
demitiu o presidente da província (equivalente ao governador de estado,
atualmente) e os pernambucanos reagiram prontamente. Romperam com o Império
e proclamaram uma república, formando uma Junta Governista. Os
pernambucanos receberam apoio de revolucionários de Alagoas, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará, recebendo o nome de Confederação do Equador.
Várias tropas foram enviadas
do Rio de Janeiro para o Nordeste, sob o comando do brigadeiro Francisco de
Lima e Silva (forças terrestres) e de Lord Cochrane (forças navais). Em setembro de 1824, as forças de Lima e
Silva dominaram Recife e Olinda (principais centros de resistência), e dois
meses depois foi a vez do Ceará.
As penas impostas aos
revoltosos foram severas e D. Pedro não atendeu aos pedidos para que elas
fossem mudadas. Frei Caneca foi condenado à forca, contudo, acabou sendo
fuzilado, diante da recusa do carrasco em executar a sentença. Muitos
companheiros de Frei Caneca receberam a mesma condenação, outros tiveram mais
sorte e conseguiram fugir.
Mesmo com o fim da
Confederação do Equador, a insatisfação contra o absolutismo do Imperador
crescia, a popularidade de D.Pedro I caiu ainda mais. Além do autoritarismo,
a incompetência denegria ainda mais a imagem do imperador. O Brasil estava
cada vez mais mergulhado numa crise financeira e D. Pedro I não conseguia
tirá-lo dessa situação. A balança comercial era deficitária. Para enfrentar as
suas despesas, pedia empréstimos e emitia moedas, o que gerava inflação. Como
consequência da crise, em 1829, o Banco
do Brasil (fundado na época de D.João VI), faliu.
Ø A GUERRA DA CISPLATINA – 1825/1828
A Guerra da Cisplatina foi um
conflito envolvendo o Brasil e a Argentina. O motivo desta batalha era pelo
domínio da Província de Cisplatina, atual Uruguai, uma região que sempre
foi cobiçada pelos portugueses e espanhóis e que havia sido anexada ao Brasil
por D. João VI.
Os cisplatinos,
descendentes de indígenas e espanhóis, queriam libertar-se do Brasil e
conseguiram o apoio dos argentinos, que tinham interesse em dominar a região.
Foram muitos conflitos entre os combatentes, e com tudo isso muito dinheiro
público foi gasto, desequilibrando ainda mais a economia brasileira.
O Brasil foi vencido e no
ano de 1828, sob interferência da Inglaterra, foi firmado um acordo entre Brasil
e Argentina, pela independência da Província da Cisplatina. Os cisplatinos
instalaram uma república chamada Uruguai. Com isso, a situação do Brasil se
complicou mais, e os brasileiros ficaram mais insatisfeitos com o governo.
Ø A SUCESSÃO DO TRONO PORTUGUÊS – 1826
Com a morte de D.João VI, em
Portugal (1826), o trono português ficou para D.Pedro I, o filho primogênito
(mais velho). Este renunciou ao trono, em favor de sua filha Maria da Glória.
Porém, o irmão de D. Pedro I, D. Miguel, deu um golpe e tomou pela violência o
poder da sobrinha. D. Pedro I preparou-se militarmente para reconquistar o
trono português. Isso aumentou sua impopularidade. Os políticos brasileiros
afastaram-se dele, acusando-o de estar mais interessado nos assuntos de
Portugal do que nos do Brasil.
A
abdicação de D. Pedro I
A situação de D.Pedro I era
insustentável e as críticas ao seu governo aumentavam, quando um dos seus
principais críticos, o jornalista Líbero Badaró, foi assassinado em 1830, em
São Paulo. A morte do jornalista foi atribuída aos simpatizantes do imperador,
e isso gerou protestos em todo o país. D. Pedro I tentou recuperar seu
prestígio visitando várias províncias, mas foi em vão. De volta das viagens às
províncias, D. Pedro I foi recebido com festa por portugueses no Rio de
Janeiro. Daí ocorreu um grande conflito entre brasileiros e portugueses, que
ficou conhecido como Noites das
Garrafadas.
D. Pedro I tentou contornar
toda essa situação nomeando um ministério composto somente por brasileiros, mas
não adiantou. Depôs os brasileiros e nomeou amigos, que faziam parte do partido
português. Isso causou indignação da população, que exigia o retorno dos brasileiros
depostos.
Pressionado por populares e
por soldados, D. Pedro I abdicou, em 7 de abril de 1831. Deixou o trono
brasileiro para seu filho, Pedro de Alcântara. Como o menino tinha
apenas 5 anos de idade, o Brasil passou a ser governado por regentes.
D. Pedro I voltou a Portugal disposto a
reconquistar o trono português.
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PERÍODO REGENCIAL (1831-1840)
Entre 1831 e 1840, o Brasil
foi governado por regentes, pois D. Pedro II tinha apenas cinco anos, o que o
impedia de assumir o trono. Esse período foi marcado por intensas disputas pelo
poder e por revoltas que ameaçaram a unidade territorial.
Apesar do recesso
parlamentar, dentro de poucas horas após a abdicação de D. Pedro I, senadores e
deputados que se achavam na Corte se reuniram e elegeram a Regência Provisória.
Regência Trina Provisória
(1831)
Um dos primeiros atos da
Regência foi restituir em seus cargos os ministros demitidos por D. Pedro I.
Convocou a Assembleia Legislativa, anistiou os criminosos políticos e afastou
das tropas os estrangeiros suspeitos e desordeiros.
Apesar dos esforços por
restaurar a ordem, não pode evitar que, tanto no Rio de Janeiro como nas
Províncias, conflitos ocorressem entre soldados e portugueses adeptos do
Partido Restaurador.
Esta Regência durou até a
eleição de nova Regência tripartite, como Permanente, em 3 de maio daquele ano
de 1831.
Regência Trina Permanente
(1831 – 1835)
No dia 17 de junho de 1831
tem lugar a eleição da Regência Trina Permanente. Como os moderados compunham a
maioria dos parlamentares, eram os eleitos adeptos dessa corrente, deixando
assim de fora os exaltados.
A composição deste
triunvirato procurou manter o equilíbrio de forças que já havia no grupo
provisório. Na administração propriamente dita a Regência promoveu às reformas
das Escolas de Medicina do Rio de Janeiro e de Salvador, convertendo-as em
faculdades; reorganizou-se o Poder Judiciário estabelecendo o tribunal do júri.
A reforma liberal: limitação
do Poder Moderador
Dentre as primeiras medidas
que a maioria liberal se propôs foi fazer uma reforma na legislação que
disciplinava a própria Regência e visaram ampliar a força do Poder Legislativo
sobre o Executivo.
Uma das inovações
instituídas pela Regência Trina foi a criação da Guarda Nacional, da qual só
eleitores participavam, e das eleições para juízes de paz com a criação do
Código de Processo Criminal. Com isso os latifundiários passam a ter o poder
político, através do Partido Liberal Moderado, das armas pela Guarda Nacional e
da justiça por meio dos juízes (como em todas as situações o voto era
importante e este era censitário, é natural que defendam os interesses daqueles
que tinham dinheiro).
A Regência encontrou o país
em sérias dificuldades, em consequência da grave crise financeira e das
agitações que ameaçavam a unidade nacional. Para enfrentar este quadro foi
nomeado o padre Diogo Antônio Feijó, também ele deputado, como Ministro da
Justiça.
Diante do quadro de
instabilidade, Feijó exigiu que lhe desse, a Regência, uma autorização escrita
de que teria total autonomia nos assuntos de sua pasta, para que pudesse
enfrentar os motins que eclodiam, sobretudo no Rio de Janeiro.
A 3 de abril de 1832 explode uma revolta na
Capital, em meio a muitas intrigas políticas, responsabilizando o tutor do
pequeno infante real, Feijó exige sua demissão deste cargo, como foi negado
Feijó apresenta sua demissão, em 5 de abril.
Apesar de fora do governo,
Feijó experimenta uma nova tentativa de fazer prosperar as reformas moderadas,
no episódio que passou à história como Golpe de 30 de Julho, mas o Golpe
fracassa, sobretudo porque lhe faltou o apoio dos deputados, em sua maioria
avessos à adoção de medidas que contrariassem a própria ordem constitucional.
O Ato Adicional de 1834
O Ato Adicional foi um fruto
direto da maioria liberal na Câmara dos Deputados, que pregava uma maior
autonomia para as províncias, e que era parte programática daquele partido.
Assim, a Regência propôs que se reformasse a Constituição de 1824.
Ratificado a 12 de agosto de
1834, o Ato Adicional adaptou princípios federalistas à monarquia. Dentre suas
maiores inovações estavam:
Ø Criação
das Assembleias Legislativas nas províncias. Este órgão substituía os antigos
Conselhos Gerais e legislavam sobre a organização civil, judiciária e religiosa
locais, sobre a instrução pública, desapropriações, funcionalismo, política e
economia municipais, transporte e obras públicas.
Ø Criação
do Município Neutro como território desmembrado da província do Rio de Janeiro,
que deveria noutro lugar que não na cidade do Rio de Janeiro ter sua sede e
governo, bem como a Assembleia, escolhendo para tanto a vila de Praia Grande,
mais tarde elevada a cidade com o nome de Niterói.
Ø Estabelece
o voto para a escolha do Regente, que passava então a ser uno, com mandato de 4
anos.
Ø Extinção
do Conselho de Estado.
A política tomou então novo
rumo, com a supremacia do Partido Moderado.
A Regência Una de Feijó
(1834-1837)
Em 1835 ocorre a primeira
eleição para escolha do Regente único, da qual saiu vitorioso Feijó.
Desde seus primeiros
momentos no cargo, Feijó enfrenta dificuldades, apesar de depender do Congresso,
não lhe era obediente.
Sua Regência foi marcada
pelo início de dois dos mais graves conflitos intestinos do Brasil: a
Cabanagem, no Pará, e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, além de outras
revoltas locais.
De saúde frágil, vivia
desanimado e sem a mesma energia que o caracteriza quando à frente do
Ministério da Justiça, o Padre acaba por se tornar impopular por sua
intransigência e não consegue formar o ministério que desejava, acabando por
apresentar sua renúncia ao cargo.
Regência interina de Araújo
Lima
Na véspera de sua renúncia
nomeara Feijó como Ministro do Império o conservador Pedro de Araújo Lima. Este
forma, como Regente Interino, o chamado Ministério das Capacidades, que obteve
uma ordem relativa e certo desenvolvimento econômico, o que o habilitou a candidatar-se
como Regente nas eleições que foram realizadas em abril de 1838.
Dentre as principais
realizações deste período interino está a fundação do Colégio Pedro II, de
1837.
Regência Una de Araújo Lima
Após seu período de
interinidade, Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda, candidatou-se ao cargo
nas eleições que ocorrem em abril de 1838 e se elege com facilidade. Durante
sua regência fundou-se o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e
reformou-se a Escola Militar (em 1839).
Araújo Lima representou o
fim das políticas liberais, com a supressão do Código de Processo Criminal e do
Ato Adicional (neste caso, mais tarde oficializada pela chamada Lei
Interpretativa do Ato Adicional, de 12 de maio de 1840), o que aumentou a
centralização do poder, diminuindo-se a autonomia provincial e municipal, pelo
controle da polícia e do Judiciário.
Embora não tivesse
enfrentado as agitações que marcaram os governos anteriores, Araújo Lima teve
que lidar com a Farroupilha, que continuava no Sul, e a Cabanagem do Grão-Pará,
e ainda com a eclosão de outras revoltas provinciais.
O Golpe da Maioridade
A partir do temor, tanto dos
liberais quanto dos conservadores em relação à desordem causada pelas rebeliões
regenciais, começou a nascer (por parte dos liberais) a ideia de que, D. Pedro
II sendo aclamado imperador, a ordem pública se reestabeleceria. De fato, com
15 anos de idade incompletos, foi aclamado imperador do Brasil, e passou a ser
chamado, oficialmente, Dom Pedro II. Esse episódio ficou conhecido como “Golpe
da Maioridade”, e começava o que chamamos de “Segundo Reinado”.
Na realidade, esse episódio
foi uma manobra dos liberais para voltar ao poder ao lado de D. Pedro II
Principais rebeliões do
período Regencial
Balaiada
(1838 – 1841)
O movimento ocorrido no
Maranhão teve como causa a crise na produção algodoeira, que veio a estourar
numa revolta de escravos e vaqueiros das grandes fazendas, em dezembro de 1838,
contando com o apoio dos liberais das cidades, que faziam oposição aos senhores
de terras.
Tendo por principal líder
Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, um fabricante de balaios, tomou daí o nome
da rebelião. Já em 1839 tomaram a cidade de Caxias, enquanto os escravos
fugidos se instalavam em quilombos na selva. As lutas se dilataram por 3 anos,
causando enorme prejuízo aos fazendeiros, mas conservavam sem um denominador
político comum que os organizasse, sendo finalmente derrotados pela reação da
elite, com apoio das tropas imperiais sob o comando do então coronel Luís Alves
de Lima e Silva, futuro duque de Caxias.
Cabanagem
(1835 – 1840)
A rebelião teve início no
ano de 1835 em Belém, então uma cidade de 12 mil habitantes com poucos brancos
e maioria de indígenas, escravos e mestiços, após desentendimentos na elite
sobre a escolha do novo presidente da província foi proclamada a independência.
Belém foi então, atacada por
uma tropa integrada na maioria por mestiços, índios, negros, dentre os quais se
destacou como líder o cearense Eduardo Angelim, que para aquela província
migrara após grande seca, e contava então 21 anos.
Chamados de cabanos, os
rebelados tinham por objetivos restaurar o Pará ao Brasil, a defesa de D. Pedro
II como monarca e o combate aos estrangeiros. Seu saldo dos anos de lutas, em
que os cabanos venceram, foi a morte de 20% da população da província, sua
desestruturação econômica e a destruição da capital.
Sabinada
(1837 – 1838)
A rebelião teve início em
Salvador, a 7 de novembro de 1837, e teve esse nome derivado de um dos seus
líderes, o médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. Teve êxito inicial,
após o levante, que teve início no Forte de São Pedro, se espalhou pelas demais
guarnições, provocando a fuga das autoridades, dentre elas o governador
Francisco de Sousa Paraíso.
Formou-se então um governo
provisório, dentro do contexto de uma República Bahiense, que, entretanto seria
interina até a maioridade do Imperador, o que provoca controvérsias entre os
historiadores sobre o efetivo caráter liberal e republicano do movimento.
No começo de janeiro de1838
suas posições foram sendo perdidas, até a final derrota com a ocupação militar
da cidade a 13 de março, e que durou até logo após a maioridade do Imperador. Morreram
cerca de 1800 revoltosos, após as lutas que se travaram corpo a corpo.
Revolta
dos Malês (1835)
Salvador tinha metade de sua
população composta por negros que exerciam atividades liberais rentáveis para
seus senhores, em profissões como alfaiate, carpinteiro, ambulante, etc.. Em
janeiro de 1835 os escravos de orientação religiosa muçulmana, chamados então
de malês, organizaram uma revolta que teve intensa reação do governo, que os
dizimou.
Foi o mais importante dos
levantes urbanos de escravos do país, embora tenha durado menos de um dia;
cerca de 600 escravos tomaram a capital baiana, a maioria deles alfabetizada em
árabe e sob o contexto religioso de uma jihad. Nas lutas intensas 70 escravos
morreram, e cerca de 500 foram presos e condenados a açoites, prisão ou morte.
Seu principal efeito, junto
aos demais levantes escravos do período, foi semear o temor na classe dominante,
que reagiu de duas formas, de um lado reforçou as leis repressivas e, de outro,
abriu o debate sobre a questão servil.
Cabanada (1832 – 1835)
Eclodiu em Pernambuco, nas
camadas mais simples da população - também ali chamados cabanos, como na
Cabanagem paraense, e foi um movimento causado pela incompreensão das classes
humildes diante das mudanças no regime decorrentes da abdicação de D. Pedro I,
razão pela qual tiveram apoio dos restauradores do Recife.
Com ideais religiosos, que a
tornam similar à Guerra de Canudos, a Cabanada foi derrotada finalmente em 1835
por Manuel de Carvalho Pais de Andrade - o mesmo que em 1824 proclamara a
Confederação do Equador e presidia a província.
Revolução
Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1835-1845)
A Farroupilha ou Farrapos
foi a maior, mais importante e duradoura das rebeliões que eclodiram no período
regencial, se estendendo até 1845.
Sua causa econômica imediata
foi o aumento dos impostos na província gaúcha, que afetaram diretamente os
estancieiros (latifundiários criadores de gado) já insatisfeitos com a
concorrência dos produtores argentinos e uruguaios.
No dia 20 de setembro de
1835 Porto Alegre foi tomada e proclamou-se a República Rio-Grandense. O líder
Bento Gonçalves foi aprisionado e enviado para Salvador, onde consegue fugir e
retornar, governando a província em 1837. Sob comando de Giuseppe Garibaldi
proclamam em Santa Catarina a República Juliana, unida à Rio-Grandense.
As Regências não conseguiram
por um fim ao levante, que somente veio a ocorrer no Segundo Reinado.
Em 1842, o governo imperial
nomeou Duque de Caxias para comandar uma ação com objetivo de finalizar o
conflito separatista no sul do Brasil. Em 1845, após vários conflitos
militares, enfraquecidos, os farroupilhas aceitaram o acordo proposto por Duque
de Caxias e a Guerra dos Farrapos terminou.
A República Rio-Grandense foi reintegrada ao Império brasileiro.
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SEGUNDO REINADO (1840-1889)
SEGUNDO REINADO (1840-1889)
A antecipação da maioridade
do herdeiro do trono real passou para a história como o "golpe da
maioridade". A medida foi uma iniciativa dos políticos pertencentes ao
Partido Liberal como uma alternativa ao governo regencial (1831-1840), que era apontado
na época como a principal causa das frequentes rebeliões, agitações sociais do
país.
Ao
assumir o Império do Brasil, D. Pedro II sabiamente concedeu anistia a todos os
rebeldes envolvidos em conspirações contra o Governo Imperial, foi o caso dos
envolvidos na revolta dos farrapos e da cabanagem, conseguindo desta maneira
pacificar o país.
As
eleições do cacete
Por
sustentarem a Campanha da Maioridade, os liberais foram recompensados pelo
Imperador com a ocupação dos principais cargos ministeriais do Governo.
No
entanto, para vencerem as eleições que haviam sido convocadas usuram de
violência e pressão sobre os eleitores (eleições do cacete), fato que levou D.
Pedro II a demitir os Liberais e nomear um Ministério composto por
Conservadores.
O
novo ministério anulou as eleições, gerando as Revoltas Liberais de 1842, na
qual liberais de São Paulo e Minas Gerais se rebelam contra a anulação e são
sufocados por Duque de Caxias.
Em 1847 D. Pedro II inovou o
seu governo ao criar o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, uma
espécie de Primeiro Ministro.
O Ministro era escolhido
pelo próprio Imperador, mas, a Câmara dos Deputados poderiam optar pela
aprovação ou veto deste escolhido. Desse
modo, o imperador em vez de escolher todos os seus ministros (regra que vigorou
no período precedente), escolhia apenas o primeiro-ministro. Uma vez nomeado, o
primeiro-ministro se encarregava das nomeações para formar o gabinete
ministerial.
Esta forma de governo
parecia ser de um Governo Parlamentarista, mas, D. Pedro II era quem dava a
palavra final sobre as decisões políticas do Império. O Poder Moderador
reconhecido pela constituição de 1824 dava ao Imperador plenos poderes sobre as
decisões do Legislativo, Executivo e Judiciário. Desta forma o Parlamentarismo
no Brasil passou a ser chamado de “Parlamentarismo às avessas”.
A partir de então D. Pedro
II passou a manobrar os partidos de forma revezá-los no poder minimizando as
disputas pelo poder (Política de Conciliação).
Em 1848, enquanto os
conservadores ocupavam o ministério estourou a última grande revolta do Segundo
Reinado, a Revolução Praieira.
A Revolução Praieira
(1848-1853)
A revolta teve como causa
imediata a destituição, por D. Pedro II, do Presidente da Província Antônio
Pinto Chicorro da Gama, representante dos liberais. Durante quatro anos à
frente do poder, Chicorro da Gama combatera o poder local do Partido
Conservador.
A substituição deste liberal
pelo ex-regente Araújo Lima, extremamente conservador, foi o estopim para o
início da revolução, que já acumulava insatisfação com a política imperial e
dificuldades devido ao declínio da economia açucareira.
Os rebeldes queriam formar
uma nova Constituinte para alterar a Constituição Brasileira de 1824, visando a
efetiva liberdade de imprensa, a extinção do poder moderador e do cargo
vitalício de senador, voto livre e universal, garantia de trabalho, além da
nacionalização do comércio varejista que estava nas mãos dos portugueses
A revolta contra o novo
governo da Província eclodiu em Olinda, a 7 de novembro de 1848, sendo a
primeira batalha travada no povoado de Maricota (atual cidade de Abreu e Lima).
Apesar do caráter liberal da
revolução, os revoltosos não cogitavam a abolição da escravidão.
Depois de receber a adesão
da população urbana que vivia em extrema pobreza, os praieiros marcharam sobre
o Recife em fevereiro de 1849 com quase 2.500 combatentes, mas foram
rechaçados.
A Província foi pacificada
por Manuel Vieira Tosta, indicado como novo presidente, auxiliado pelo
Brigadeiro José Joaquim Coelho, novo Comandante das Armas. As forças rebeldes
foram derrotadas nos combates de Água Preta e de Igaraçu.
Os líderes do movimento
pertencentes à classe dominante, foram detidos e julgados apenas em 28 de
novembro de 1851, quando os ânimos na província já tinham serenado, ocasião em
que o governo imperial pôde lhes conceder anistia. Voltaram, assim, a ocupar os
seus cargos públicos e a comandar os seus engenhos.
Por outro lado, os rebeldes
das camadas sociais menos não tiveram direito a julgamento e, ou sofreram
recrutamento forçado ou foram anistiados por intervenção de seus superiores
para retornarem ao trabalho, exceto aqueles que foram sumariamente fuzilados
durante e logo após os combates.
Com o fim da Praieira, no
início de 1850, iniciou-se a segunda fase do Segundo Reinado, um período de
tranquilidade política, fruto do Parlamentarismo e da Política de Conciliação
implantados por D. Pedro II, e da prosperidade trazida pelo café.
A Política Externa do
Segundo Reinado
Ø Guerra contra Oribe e Rosas ou Guerra do
Prata (1851-1852):
O Presidente Uruguaio Manuel Oribe juntamente com o
Presidente Argentino Ruan Rosas planejavam unir seus governos visando a criação
de uma grande nação que dominaria a Região do Plata.
Caso isso acontecesse o
Império Brasileiro teria como vizinho uma poderosa nação que possivelmente
disputaria com o Brasil a hegemonia sobre a América do Sul.
Sentido-se ameaçado com essa
união, o Império Brasileiro agiu rapidamente, interviu militarmente no Uruguai
além de dar suporte militar aos oposicionistas do Ditador Argentino Juan Manuel
Rosas.
Com o consentimento do
Brasil, Fructuoso Rivera tornou-se o novo Presidente do Uruguai e enquanto na
Argentina o General José de Urquiza conseguiu derrubar o governo de Rosas e se
transformou Primeiro Presidente Constitucional da Argentina.
Ø A Questão Christie(1861-1865):
No governo de D. Pedro II, o
Brasil também se envolveu numa pequena crise diplomática com a Inglaterra. Três
oficiais bêbados da marinha inglesa foram presos no Rio de Janeiro acusados de
baderna. Logo estes marinheiros foram liberados ao serem reconhecidos como
militares ingleses.
Ao ser informado do incidente,
o Embaixador Britânico, William Christie, exigiu do Governo Brasileiro que
fossem feitas desculpas formais. Christie também levantou ainda a questão de
outro incidente passado. Exigiu que o Brasil indenizasse a Inglaterra pelo
saque da carga do Prince of Wales, navio de carga inglês que naufragou no Rio
Grande do Sul.
O Império Brasileiro não
havia se curvado a tais reivindicações e por isso os ingleses valendo de uma
esquadra naval aportada no Brasil apreendeu cinco navios mercantes brasileiros.
O Governo Imperial para evitar um incidente ainda maior, pagou a indenização
exigida pelos ingleses.
Não conformado com a atitude
inglesa, o Brasil enviou representantes diplomáticos a Londres para exigir dos
ingleses uma indenização por terem violado a soberania territorial do Brasil.
O Rei da Bélgica, Leopoldo
I, envolve-se na crise diplomática como mediador. O soberano Belga foi
favorável ao Brasil, mas mesmo assim a diplomacia inglesa negou-se a pedir
desculpas e por isso D. Pedro II decidiu cortar relações diplomáticas com a
Inglaterra.
Ø Guerra contra Aguirre ou Guerra do
Uruguai (1864): diante do rompimento das relações
diplomáticas entre a Argentina e o Uruguai, agitação política no Uruguai
refletiu-se de forma negativa junto aos estancieiros brasileiros na fronteira
de então Província do Rio Grande do Sul, que passaram a ter as suas
propriedades invadidas e o seu gado furtado.
O governo imperial
brasileiro tentou intervir diplomaticamente junto ao presidente uruguaio,
Atanasio Cruz Aguirre, do Partido Blanco, mas sem efeito. Foi então formulado
um ultimato a Aguirre, que não foi aceito. O Uruguai pretendia anular o Tratado
de Limites de 1852, posição que abandonou diante da disposição brasileira em
ocupar militarmente o território entre Quaraí e Arapeí.
Embora os efetivos militares
nas linhas de fronteira tudo fizessem para evitar que as disputas no Uruguai se
refletissem no Rio Grande do Sul, o general uruguaio Venâncio Flores, do
Partido Colorado, que disputava o poder, não conseguiu evitar que a violência
atingisse o território brasileiro. Solicitou desse modo, o apoio do Império,
sob a forma de um empréstimo financeiro e a presença, em Montevidéu, de uma
divisão do Exército Brasileiro.
Após diversas batalhas e a
conquista da cidade de Paysandú, as tropas imperiais brasileiras receberam
ordens de marchar sobre a capital, Montevidéu.
As tropas brasileiras,
passando por Colônia do Sacramento, impuseram sítio à capital, Montevidéu, no
dia 2 de fevereiro. Desse modo, a 15 desse mês, Aguirre foi deposto,
constituindo-se um Governo Provisório dirigido pelo general Venâncio Flores.
Este declarou nulos os atos contra o Brasil, desagravou a nossa bandeira,
içando-a no Forte de São José e saudando-a com uma salva de 21 tiros,
respondida, ao mesmo tempo, pela Corveta Bahiana, com a bandeira uruguaia içada
no mastro grande.
Finalmente, a 20 de
fevereiro de 1865, assinou-se a Convenção de Paz com a presença do Visconde do
Rio Branco e do novo Presidente do Senado uruguaio, Tomás Villalba. Por ela, as
propriedades confiscadas aos súditos brasileiros no Uruguai eram devolvidas.
O governante do Paraguai,
Francisco Solano López, pretendendo defender os interesses do partido Blanco do
Uruguai neste conflito, terminou por precipitar a eclosão da Guerra do Paraguai.
Ø Guerra do Paraguai (1864-1870)
Foi o maior conflito armado
internacional ocorrido na América do Sul, travada entre o Paraguai e a Tríplice
Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai.
O conflito iniciou-se com a
invasão da província brasileira de Mato Grosso pelo exército do Paraguai, sob
ordens do presidente Francisco Solano López. O ataque paraguaio ocorreu após
uma intervenção armada do Brasil no Uruguai, em 1863, que pôs fim à guerra
civil uruguaia ao depor o presidente Atanasio Cruz Aguirre, do Partido Blanco,
e empossar seu rival colorado, Venancio Flores.
Solano López temia que o
Império brasileiro e a República Argentina viessem a desmantelar os países
menores do Cone Sul. Para confrontar essa suposta ameaça, Solano López esperava
contar com o apoio dos blancos, no Uruguai, e dos caudilhos do norte da
Argentina. O temor do presidente paraguaio levou-o a aprisionar, em 11 de
novembro de 1864, o vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o
presidente da província de Mato Grosso, mas que o governo paraguaio suspeitava
que contivesse armas.
O Brasil, Argentina e
Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas
durante os quais o Brasil enviou em torno de 150 mil homens à guerra. Cerca de
50 mil não voltaram. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente
pesadas, mais de 50% de suas tropas pereceram durante a guerra. Já as perdas
humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas em até 300 mil pessoas, entre
civis e militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que se
alastraram durante a guerra e da fome.
A derrota marcou uma
reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais
atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação
militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no caso
do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% de seu
território para o Brasil e Argentina. Após a Guerra, por décadas, o Paraguai
manteve-se sob a hegemonia brasileira.
Foi o último de quatro
conflitos armados internacionais, na chamada Questão do Prata, em que o Brasil
lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana, tendo o primeiro sido a
Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prata, e o terceiro a Guerra do Uruguai.
A Economia do Segundo
Reinado
No início do Brasil Imperial
o café substituiu o a cana-de-açúcar como principal produto econômico
brasileiro.
O café inicialmente
introduzido no Vale do Paraíba, São Paulo, e região fluminense do Rio de
Janeiro, se expandiu rapidamente por se tornar um produto de grande aceitação
no mercado mundial.
Nasce assim uma nova elite,
agora concentrada no sudeste, a elite cafeeira, que se tornou mais rica que os
antigos senhores de engenho da elite do açúcar nordestina. Os cafeicultores paulistas
atuavam como empresários, investindo em ferrovias e importando máquinas
agrícolas, como arados, ventiladores e separadores de grãos.
No segundo reinado, além do
café, o Brasil exportava também outros gêneros como cacau e tabaco (Bahia),
borracha (Amazônia), açúcar, tabaco, couro, etc.
Além do mercado externo, os
produtos brasileiros movimentavam também o mercado interno e, alguns estados se
destacaram nessa comercialização, por exemplo, o Rio Grande do Sul destacou-se
na venda de charque, Minas Gerais na criação de gado leiteiro.
Modernização
do Brasil – A Era Mauá
A riqueza conseguida com o
café trouxe progresso para a região sudeste e colaborou para a estabilidade e
modernização do Império brasileiro. Contribuíram também para o progresso do
Império:
Ø Tarifa
Alves Branco (1844) – Aumento de impostos na alfândega brasileira. Por ela
produtos importados que tivessem um similar produzido no Brasil pagavam 60 de
taxa, protegendo as indústrias nacionais. E os produtos que não tivessem
similares no Brasil, ainda assim, pagavam 30%, incentivando a abertura de novas
indústrias.
Ø Lei
Eusébio de Queirós (1850) – Proibia a entrada de escravos africanos no Brasil,
e o dinheiro que deixou de ser usado na compra de escravos, somado ao dinheiro
obtido com as vendas do café brasileiro para o exterior, passou a ser investido
em novos negócios, como a construção de ferrovias.
Ø Lei
Silva Ferraz (1860) – Redução dos impostos de importação sobre máquinas,
ferramentas e ferragens, também incentivando a modernização do país e a
abertura de indústrias.
Toda
essa situação foi aproveitada, principalmente pelo Barão de Mauá, como pelos
demais cafeicultores que passaram a investir na indústria.
No
entanto, os cafeicultores só investiam na indústria, verdadeiramente, quando o
preço do café estava baixo, fazendo com que o Brasil não se industrializasse e
sim tivesse surtos industriais.
Da
mesma forma o governo não manteve políticas permanentes de incentivo à
indústria gerando o fim da chamada Era Mauá e do processo de industrialização
do Brasil.
O
fim do tráfico de escravos
O tráfico de escravos foi
durante muito tempo um lucrativo negócio, tanto para quem comprava, quanto para
quem vendia. A Inglaterra foi um dos países que muito lucrou com esse negócio,
até que em 1807 o governo inglês decidiu proibir a venda de escravos para as
suas colônias americanas, e foi mais além, ela passou a combater radicalmente o
tráfico e a escravidão. Segundo historiadores, os motivos foram a ampliação do
mercado consumidor para os produtos ingleses, de que com fim da escravidão na
Jamaica (colônia inglesa), o açúcar ficou mais caro que o do Brasil e o fato de
que parte dos políticos e da população inglesa aderiu às ideias iluministas e
opunha-se à escravidão.
Bill
Aberdeen (1845): foi uma lei que autorizava os navios
ingleses afundar os navios negreiros. Os traficantes eram julgados na
Inglaterra. Apesar dessa lei, os navios negreiros prevendo o fim da escravidão,
intensificaram o tráfico, o que fez com que a Inglaterra também intensificasse
o policiamento. Toda essa pressão fez com que Dom Pedro II criasse a Lei
Eusébio de Queirós.
Lei
Eusébio de Queirós (1850): proibia definitivamente a entrada de
escravos no Brasil. Neste mesmo ano D.Pedro II criou a Lei de Terras, que proibia a doação de terras, acabando com as
sesmarias, e permitia a venda das mesmas, ainda estabelecia impostos para quem
as possuísse, excluindo da posse da terra ex-escravos, imigrantes e pobres,
forçando-os a irem trabalhar para grandes proprietários e auxiliando
proprietários a conseguirem capital, por meio da venda de terras, para obtenção
de trabalhadores assalariados.
Com a proibição do tráfico
de escravos, o comércio continuou de forma interprovincial, ou seja, entre
províncias do Brasil. As plantações de café começaram a ter carência de mão de
obra, e por causa disso pensou-se em dar emprego para trabalhadores livres que
na maioria eram negros e mestiços.
Só que aí surgia um problema,
os negros e mestiços eram considerados preguiçosos e indisciplinados para o
trabalho livre. Tinha-se o pensamento racista de que eles eram de uma raça
inferior. Com isso, a elite imperial defendia a entrada maciça de imigrantes
europeus para que como consequência disso acontecesse no Brasil um
branqueamento da população e, dessa forma se chegasse ao progresso.
Imigrantes
no Brasil
No século XIX, a entrada de
imigrantes no Brasil foi algo gigantesca.
A princípio a imigração
ocorreu através do sistema de parceria,
que previa a divisão dos custos e dos lucros entre os fazendeiros e os
imigrantes que cuidavam da lavoura. No entanto, o sistema era desvantajoso para
os imigrantes, pois eles deveriam ressarcir os fazendeiros pelos custos de
viagem, pagar pelos instrumentos de trabalho, mantimentos, etc. e contribuir
com uma parcela dos ganhos obtidos ao longo das colheitas, o que levou o
sistema ao fracasso.
Depois de 1850, com a
extinção do tráfico negreiro intercontinental, os fazendeiros precisavam
solucionar o problema da mão de obra. A solução veio através da imigração subvencionada, através dela a
vinda de imigrantes passa a ser paga pelo governo. Na província de São Paulo, o
imigrante ao chegar era encaminhado para a Hospedaria
do imigrante (no atual Bairro do Brás) de onde só saia com contrato de
trabalho e salário acertados.
Declínio da escravidão, o
caminho para a abolição
O Brasil por ser um dos
maiores países escravocratas do Século XIX, estava sofrendo pressões de nações
capitalistas, em especial a Inglaterra.
O escravismo no Brasil
diminuiria gradativamente com a aprovação de leis, era uma forma de estender ao
máximo a escravidão, sem sofrer tanta pressão.
Ø Lei
Bill Aberdeen (1845): proibição do tráfico de escravos no Atlântico
(Inglaterra).
Ø Lei
Eusébio de Queirós (1850): proibição do tráfico intercontinental no Brasil.
Ø Lei do Ventre Livre (Lei Rio Branco – 1871):
determinava que toda criança nascida de mãe escrava era livre, porém quando
esta completasse 8 anos o fazendeiro poderia escolher entre receber 600 mil
réis do governo como indenização ou utilizar-se de seus serviços até os 21 anos
(essa opção foi a mais comum).
Ø Lei
dos Sexagenários (Lei Saraiva Cotegipe – 1885): todo escravo que na data da
publicação tivesse 65 anos ou mais estavam livres, os que tivessem mais de 60
anos deveriam pagar uma indenização de três anos de trabalho ou até que
completassem 65 anos, o que viesse antes. Essa lei beneficiou mais aos
fazendeiros que puderam se livrar de escravos velhos.
Ø Lei
Áurea (13/05/1888): aboliu a escravidão no Brasil, quando foi assinada apenas
5% da população negra ainda era escrava.
Declínio e queda da
Monarquia
Ao final do Século XIX, o
Brasil passou por uma grande metamorfose em sua estrutura socio-econômica. O
Brasil prosperou, no entanto, o Governo Imperial perdia o seu prestígio.
As principais causas do
descontentamento geral com o Governo Imperial do Segundo Reinado foram:
Ø A
Questão Religiosa
D. Pedro II passou a ser mal
visto por boa parte dos católicos do Brasil ao punir dois bispos, o de Olinda e
o de Belém. Os dois religiosos acataram ordens vindas do Vaticano de punir os
católicos que tinham envolvimento com a Maçonaria.
Como D. Pedro II estava
rodeado de Maçons, exigiu que a ordem Papal fosse descumprida no Brasil,
utilizando-se do Beneplácito que dava ao imperador o direito de revogar bulas
papais.
Como os dois bispos não
voltaram atrás em suas decisões, foram prontamente presos com ordem do Governo
Imperial e condenados a quatro anos de trabalhos forçados.
Ø A
Questão Militar
Os militares conscientes de sua
importância dentro da sociedade brasileira, buscaram o direito de optar nas
decisões políticas do país. Como não eram ouvidos, eles passaram a conspirar
contra o Império.
Ø A
Questão Abolicionista
Com o fim da escravidão, a
elite agrária brasileira teve que se adaptar a nova realidade do país. Eles não
se conformaram com ideia de remunerar um trabalhador assalariado e de não terem
sido indenizados por libertar seus escravos.
No Congresso Nacional tanto
o Partido Liberal quanto Partido Conservador tinham ligações com elite agrária
escravocrata que dependia do trabalho escravo. Com isso D. Pedro II perdeu
apoio do Congresso Brasileiro. Foram formados novos partidos políticos que
defendiam o republicanismo como forma de governo.
A Igreja, a elite
escravocrata e o exército eram os principais alicerces de sustentação do
Império.
O Visconde de Ouro Preto,
primeiro-ministro à época, ainda tentou uma última cartada para salvar a
monarquia copiando algumas propostas do Manifesto Republicano (1870).
Diante disso o Partido
Republicano Paulista (PRP), que até então estava divido entre evolucionistas
(acreditavam que a monarquia acabaria naturalmente) e revolucionários
(defendiam um golpe) se uniram aos militares e em 15 de Novembro de 1889, o
Governo Imperial de D. Pedro II foi facilmente derrubado.
A frente do movimento estava
o Marechal Deodoro da Fonseca, até então aliado de D. Pedro II, mas que diante
de uma possível desordem nacional resolve liderar o movimento e evitar maiores
agitações.
O
Brasil passou a ser um país Republicano governado provisoriamente por Deodoro
da Fonseca e em 17 de Novembro de 1889 D. Pedro II com toda a Família Imperial,
deixou o Brasil em direção ao exílio na Europa. Era o Fim do Segundo Reinado.
Grata pela matéria.
ResponderExcluirCom certeza me ajudará bastante no debate!
perfeito.
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