ERA
VARGAS (1930-1945)
Era
Vargas - nome dado ao primeiro período em que Getúlio Vargas
governou o Brasil e se divide em três momentos: o Governo Provisório, o Governo
Constitucional e o Estado Novo.
Governo Provisório
(1930-1934)
Com a Crise de 1929, o preço
do café havia caído para 1/4 do valor normal e as
exportações pela metade, ou seja, o rendimento do café era de 1/8
do rendimento anterior. Essa de crise econômica fez Getúlio Vargas adotar
medidas de recuperação econômica:
·
Como o café era o principal produto de
exportação, Vargas passou a comprar e queimar o café evitando estoques,
que ocorriam com Convênio de Taubaté, para isso emitiu papel-moeda.
·
Vargas passou a investir na indústria, através da política de
substituição das importações. Para isso, aproveitou a capacidade ociosa das
indústrias nacionais e facilitou a compra de máquinas e equipamentos usados.
Graças à indústria, o Brasil foi um dos países que mais cresceu no mundo, entre
1930 e 1960, quando emperrou na falta de tecnologia (como a importação
de máquinas era facilitada, o país não investiu no desenvolvimento de
tecnologia própria).
Com essas atitudes Getúlio conseguiu manter os empregos e
o Brasil foi um dos primeiros países a
sair da crlse.
Na
política não houve mudanças. A estrutura permaneceu a mesma, a
elite agrária manteve-se no poder, apesar de novas forças terem surgido
(burguesia industrial e financeira, classe média, a própria oligarquia
dissidente). Nenhuma destas conseguiu se manter sozinha no poder.
Para garantir o poder,
Vargas suspendeu a Constituição de 1891, fechou o Congresso, nomeou
interventores para os estados e passou a legislar através de decretos. Para
conseguir apoio popular prometeu convocar, em breve, uma no Constituinte.
Também criou o Ministério da
Educação e Saúde e o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, a Lei da
Sindicalização, que vinculava os sindicatos brasileiros indiretamente - por
meio da câmara dos deputados - ao Presidente. Vargas pretendia, assim, ganhar o
apoio popular, para que estes apoiassem suas decisões ( política conhecida como
populismo).
Revolução Constitucionalista
– 1932
Houve demora em convocar uma
Constituinte, perda de autonomia estadual, com a nomeação de interventores
(para governar os estados), Estes fatos fizeram com que os cafeicultores e a
classe média paulista, arquitetassem uma revolta armada, a fim de defender a
criação de uma nova Constituição (na verdade era uma tentativa de voltar ao
poder).
Quatro estudantes
paulistanos (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) são assassinados no dia 23
de Maio de 1932 e diversos setores da sociedade paulista se mobilizam com o
evento, toda a sociedade passa a apoiar a causa constitucional (Movimento MMDC
– iniciais dos jovens assassinados). No dia 9 de Julho do mesmo ano, a Revolução
Constitucionalista explode pelo estado. Os paulistas contavam com apoio de
tropas de diversos estados, como Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul, mas
Getúlio Vargas foi mais rápido e conseguiu reter esta aliança, isolando São
Paulo. Sem qualquer apoio, os flancos paulistas ficaram vulneráveis, e o plano
de rápida conquista do Rio de Janeiro transformou-se em uma tentativa
desesperada de defender o território estadual. Sem saída, o Estado de São Paulo
se rende, em 28 de setembro do mesmo ano.
Mesmo com a vitória militar,
Getúlio Vargas atende alguns pedidos dos republicanos, e aprova a Constituição
de 1934. São Paulo perdeu militarmente, mas venceu politicamente.
Constituição de 1934
Promulgada em 16 de novembro
de 1934, apresentando os seguintes aspectos:
·
República federativa;
·
Tripartição do poder;
·
Presidencialismo de 4 anos;
·
Leis Trabalhistas;
·
Nacionalismo;
·
Justiça eleitoral;
·
Voto secreto;
·
Voto feminino;
·
Eleições diretas para o Executivo e
Legislativo;
·
Representação classista no Congresso
(elementos eleitos pelos sindicatos);
Governo
Constitucional (1934-1937).
Período marcado pelos
reflexos da crise mundial de 1929, crise econômica, desemprego, inflação e fome.
Neste contexto desenvolvem-se, na Europa, os regimes totalitários (nazismo e
fascismo), que se opunham ao socialismo e ao liberalismo econômico.
A ideologia nazi-fascista
chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a fundação da Ação Integralista
Brasileira (AIB), liderada pelo jornalista Plínio Salgado. Movimento de extrema
direita, anticomunista, que tinha como lema "Deus, pátria, família”.
Defendia a implantação de um Estado totalitário e corporativo.
A milícia da AIB era
composta pelos “camisas verdes”, que usavam de violência contra seus
adversários. Os integralistas receberam apoio da alta burguesia, do clero, da
cúpula militar e das camadas médias urbanas.
Por outro lado, o
agravamento das condições de vida da classe trabalhadora possibilitou a
formação de um movimento de caráter progressista, contando com o apoio de
liberais, socialistas, comunistas, tenentes radicais e dos sindicatos, trata-se
da Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Luís Carlos Prestes, filiado
ao Partido Comunista Brasileiro foi eleito presidente de honra. A ANL
reivindicava a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionalização das
empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária. Colocava-se contra o
totalitarismo e defendia a democracia e um governo popular. A adesão popular
foi muito grande, tornando a ANL uma ameaça ao capital estrangeiro e aos
interesses oligárquicos.
Procurando conter o avanço
da frente progressista, o governo federal - por meio da aprovação da Lei de
Segurança Nacional – decretou o fechamento dos núcleos da ANL. A reação, por
parte dos filiados e simpatizantes, foi violenta e imediata. Movimentos
eclodiram no Rio de Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio conhecido como Intentona
Comunista.
No ano de 1937 deveriam
ocorrer eleições presidenciais para a sucessão de Getúlio Vargas. A disputa
presidencial foi entre Armando de Sales Oliveira – que contava com o apoio dos
paulistas, e de facções de oligarquias de outros Estados. Representava uma
oposição liberal ao centralismo de Vargas.
A outra candidatura era a de
José Américo de Almeida, apoiado pelo Rio Grande do Sul, pelas oligarquias
nordestinas e pelos Partidos Republicanos de São Paulo e Minas Gerais. Um
terceiro candidato era Plínio Salgado, da Ação Integralista.
A posição de Getúlio Vargas
era muito confusa – não apoiando nenhum candidato. Na verdade a vontade de
Getúlio era a de continuar no governo, em nome da estabilidade e normalidade
constitucional. Para tanto, contava com apoio de alguns setores da sociedade.
O continuísmo de Vargas no
poder recebeu apoio de uma parte do Exército – aos Generais Góes Monteiro e
Eurico Gaspar Dutra representavam a alta cúpula militar – surgindo a ideia de
um golpe, sob o pretexto de garantir a segurança nacional.
O movimento de “salvação
nacional” – que garantiu a permanência de Vargas no poder – foi a divulgação de
um falso plano de ação comunista para assumir o poder no Brasil. Chamado
de Plano Cohen, o falso plano serviu de pretexto para o golpe de 10 de novembro
de 1937, decretando o fechamento do Congresso Nacional, suspensão da
campanha presidencial e da Constituição de 1934. Iniciava-se o Estado
Novo.
Estado
Novo (1937-1945)
O Estado Novo – período da
ditadura de Vargas – apresentou as seguintes características: intervencionismo
do Estado na economia e na sociedade e uma centralização política nas mãos do
Executivo, anulando o federalismo republicano.
A CONSTITUIÇÃO DE 1937 - outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida
por Francisco Campos. Baseada na constituição polonesa (daí o apelido de
“polaca”) apresentava aspectos fascistas. Principais características:
·
centralização política e fortalecimento do
poder presidencial;
·
extinção do legislativo;
·
subordinação do Poder Judiciário ao Poder
Executivo;
·
instituição dos interventores nos Estados e
uma legislação trabalhista;
A Constituição de 1937 eliminava a
independência sindical e extinguia os partidos políticos.
A extinção da AIB deixou os
integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio de 1938, os integralistas
tentaram um golpe contra Vargas – o Putsch Integralista – que consistiu numa
tentativa de ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até a chegada da
polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.
POLÍTICA TRABALHISTA - O Estado Novo
procurou controlar o movimento trabalhista através da subordinação dos
sindicatos ao Ministério do Trabalho. Proibiram-se as greves e qualquer tipo de
manifestação.
Por outro lado, o Estado
efetuou algumas concessões, tais como, o salário mínimo, a semana de trabalho
de 44 horas, a carteira profissional, as férias remuneradas. As leis
trabalhistas foram reunidas, em 1943, na Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), regulamentando as relações entre patrões e
empregados.
A aproximação de Vargas
junto á classe trabalhadora urbana originou, no Brasil, o populismo – forma de manipulação do trabalhador urbano, onde o
atendimento de algumas reivindicações não interfere no controle exercido pela
burguesia.
POLÍTICA ECONÔMICA
O Estado Novo iniciou o planejamento
econômico, procurando acelerar o processo de industrialização brasileiro. O
Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de coordenar e estabelecer
diretrizes de política econômica.
O governo interveio na
economia criando as empresas estatais – sem questionar o regime privado. As
empresas estatais encontravam-se em setores estratégicos, como a siderurgia
(Companhia Siderúrgica Nacional), a mineração (Companhia Vale do Rio Doce),
hidrelétrica (Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco), mecânica
(Fábrica Nacional de Motores) e química (Fábrica Nacional de Álcalis).
POLÍTICA ADMINISTRATIVA - o governo criou:
·
DASP (Departamento de Administração e Serviço
Público) - para centralizar e consolidar o poder político - órgão de controle
da economia;
·
DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda),
que realizava a propaganda do governo - controlava os meios de comunicação, por
meio da censura.
·
DOPS (Departamento de Ordem Política e
Social) - polícia secreta, comandada por
Filinto Müller.
Foram os mais importantes instrumentos de
sustentação da ditadura, que instaurou no Brasil o período do terror: prisões,
repressão, exílios, torturas, etc..
Como exemplo de propaganda,
tem-se a criação da Hora do Brasil (hoje Voz do Brasil), que difundia as
realizações do governo. O exemplo do terror fica por conta do caso de Olga
Benário, mulher do comunista Luis Carlos Prestes, que foi presa e deportada
para a Alemanha (grávida) mesmo sendo judia. Foi assassinada num campo de
concentração.
O BRASIL E A SEGUNDA GUERRA
MUNDIAL
Devido a pressões – internas
e externas – Getúlio Vargas rompeu a neutralidade brasileira, em 1942, e
declarou guerra ao Eixo (Alemanha, Itália, Japão). A participação do Brasil foi
efetiva nos campos de batalha, mediante o envio da FEB (Força Expedicionária Brasileira)
e da FAB (Força Aérea Brasileira).
A participação brasileira na
guerra provocou um paradoxo político: externamente o Brasil lutou com os
Aliados, pela democracia e contra os regimes totalitários; internamente há
ausência de democracia, pois se vivia em ditadura. Esta situação, somada à
vitória dos aliados contra os regimes totalitários, favoreceu o declínio do Estado
Novo e ampliou as manifestações contra o regime.
O FIM DO ESTADO NOVO
Em 1943, Vargas prometeu
eleições para o fim da guerra, no mesmo ano houve o Manifesto dos Mineiros, onde um grupo de intelectuais, políticos,
jornalistas e profissionais liberais pediam a redemocratização do país. Em
janeiro de 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigia a
liberdade de expressão e eleições.
Em fevereiro do mesmo ano,
Vargas publicava um ato adicional marcando eleições presidenciais para 2 de
dezembro. Para concorrer às eleições surgiram os seguintes partidos políticos:
·
UDN (União Democrática Nacional) – oposição
liberal a Vargas e contra o comunismo. Tinha como candidato o Brigadeiro Eduardo
Gomes;
·
PSD (Partido Social Democrático) – era o
partido dos interventores e apoiavam a candidatura do General Eurico Gaspar
Dutra;
·
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) –
organizado pelo Ministério do Trabalho e tendo como presidente Getúlio Vargas.
Apoiava, junto com o PSD, a Eurico Gaspar Dutra;
·
PRP (Partido de Representação Popular) – de
ideologia integralista e fundado por Plínio Salgado;
·
PCB (Partido Comunista Brasileiro) – tinha
como candidato o engenheiro Yedo Fiúza.
Em 1945 houve um movimento
popular pedindo a permanência de Vargas – contando com o apoio do PCB. Este
movimento ficou conhecido como queremismo, devido ao lema da campanha
“Queremos Getúlio”.
O movimento popular assustou a classe
conservadora, temendo a continuidade de Vargas no poder. No dia 29 de outubro
foi dado um golpe, liderado pelos Generais Goés Monteiro e Dutra. Vargas foi
deposto sem resistência.
Abaixo você encontra uma apresentação de slides e um vídeo para lhe ajudar:
http://www.4shared.com/file/SlnICAyZ/ERA_VARGAS__1930-1945_.html
http://www.4shared.com/file/SlnICAyZ/ERA_VARGAS__1930-1945_.html
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